Um jovem de 21 anos foi preso na manhã de sexta-feira (4) em Dourados (MS), suspeito de matar a própria mãe, Michely Rios Midon Oruê, de 47 anos, a facadas. O crime aconteceu na tarde de quinta-feira (3), na casa da família, localizada na Rua Ivinhema, região central de Glória de Dourados, a cerca de 280 km de Campo Grande.
De acordo com a Polícia Civil, Michely foi atacada com pelo menos cinco golpes de faca, sendo o mais grave na região do pescoço, atingindo a jugular. A suspeita é de que o crime tenha ocorrido entre o meio-dia e as 14h, enquanto o marido da vítima estava fora da cidade a trabalho.
O corpo da mulher foi encontrado por familiares por volta das 19h40, após diversas tentativas frustradas de contato durante o dia. Ela foi localizada nos fundos da residência.
Após o assassinato, o suspeito, identificado como Alfredo Henrique Oruê dos Santos, teria fugido no carro da família, um Renault Logan branco. A polícia iniciou buscas imediatamente e conseguiu localizá-lo já no dia seguinte, em Dourados. O veículo também foi recuperado.
Segundo o delegado Marcos Ibere, Alfredo foi preso em flagrante e confessou o crime. Ele será investigado por feminicídio, uma qualificadora do homicídio aplicada em casos de violência contra mulheres em contexto familiar.
Conforme relatos de vizinhos e familiares, o jovem apresentava comportamentos agressivos e fazia uso de drogas. Há indícios de que ele poderia ter um transtorno psiquiátrico, possivelmente esquizofrenia, o que ainda deverá ser confirmado por perícia médica.
A Polícia Civil não descarta a possibilidade de surto psicótico no momento do crime, mas destaca que o processo criminal seguirá com base nas evidências já coletadas.
Com a morte de Michely, o Mato Grosso do Sul atinge 18 feminicídios registrados em 2025, número que mantém o estado entre os líderes nacionais nesse tipo de crime. Em 2024, o estado teve 35 casos de feminicídio, com uma taxa de 2,39 mortes por 100 mil mulheres — mais do que o dobro da média nacional.
Somente no mês de maio deste ano, seis mulheres foram assassinadas no estado, fazendo desse o mês mais letal para mulheres em uma década.
A capital, Campo Grande, também registra altos índices: foram 11 feminicídios em pouco mais de seis meses.
Diante da crescente violência contra a mulher, tramita na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul o projeto de lei que institui o “Dia Estadual de Luta e Memória pelas Vítimas de Feminicídio”, em 16 de fevereiro. A proposta visa reforçar a conscientização sobre o tema.
Além disso, o programa #TodosPorElas vem sendo promovido por órgãos estaduais para oferecer apoio financeiro e psicológico às vítimas de violência doméstica, com o objetivo de reduzir os índices alarmantes no estado.
A população de Glória de Dourados, cidade de pouco mais de 9 mil habitantes, está profundamente abalada com o crime. Amigos e familiares de Michely lamentaram a tragédia nas redes sociais, destacando que ela era uma pessoa querida e ativa na comunidade.
O corpo de Michely foi sepultado sob forte comoção no cemitério municipal. O marido da vítima, em estado de choque, preferiu não comentar o caso.
O caso segue sendo investigado pela Delegacia de Polícia Civil de Glória de Dourados. Alfredo Henrique permanece preso e poderá passar por avaliação psiquiátrica nos próximos dias.
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