Superação sobre duas rodas: Vanessa pedala 314 km em homenagem ao avô falecido

Movida pela fé, pela saudade e por uma promessa feita ao avô Manoel Semprebom, carinhosamente conhecido como Vô Bibo, a ciclista Vanessa Tramontin Chaves protagonizou um verdadeiro exemplo de superação. Na madrugada da última quarta-feira, 18 de junho, ela partiu de Jateí-MS rumo ao município de Dois Irmãos do Buriti, onde estão enterrados os restos mortais do avô. O trajeto: nada menos que 314 quilômetros pedalados em um único dia.

Vanessa é integrante do grupo Pedal Quebrado, de Jateí, e da equipe de competição TNT Associação Esportiva de Ciclismo. Para essa missão especial, contou com a companhia da amiga e também ciclista Rosana Carvalho, professora residente em Sidrolândia. Juntas, elas iniciaram o percurso às 2h da manhã e só chegaram ao destino às 21h50, após quase 20 horas de jornada — sendo 16 delas efetivamente sobre a bicicleta.

Durante a pedalada, houve breves pausas para alimentação, hidratação e, claro, algumas fotos registrando o feito. Em conversa com a equipe do Idea Notícias, Vanessa compartilhou os bastidores da preparação, o significado da jornada e as emoções vividas ao longo do caminho.

"Prometi ao meu avô que faria esse pedal"

“O que me motivou foi uma promessa que fiz ao meu avô”, conta Vanessa. “Na última vez que o vi, quinze dias antes do falecimento, falei que um dia faria esse pedal até Dois Irmãos e que queria que ele estivesse me esperando. Ele respondeu: ‘Filha, se você tem vontade de fazer algo, faça enquanto tem saúde, não deixe para depois’. Essa frase nunca mais saiu da minha cabeça. Infelizmente, não consegui me despedir a tempo quando ele faleceu, em 9 de março de 2022. Esse pedal foi minha forma de honrar aquela promessa.”

Entre dores, apoio e força espiritual

Vanessa revelou que, na véspera do desafio, mal conseguiu dormir. “Sonhei três noites seguidas com ele me esperando, do jeitinho que fazia quando eu ia visitá-lo. Ele sempre foi meu ponto seguro.”

A ciclista destacou ainda o papel essencial da amiga Rosana e do marido, que deu suporte com um carro de apoio. “Ir eu iria de qualquer jeito, mas sem eles, talvez não tivesse conseguido. A parte até Sidrolândia foi tranquila, apesar do cansaço. Mas a chegada ali foi complicada, muito trânsito pesado e já estava escuro. A Rosana ficou em Sidrolândia e eu segui sozinha. Os últimos 64 km foram os mais difíceis: frio, dores, exaustão… mas eu sabia que precisava chegar, o Bibo estaria me esperando. E eu cheguei.”

Lágrimas, alívio e missão cumprida

Ao final do percurso, Vanessa ainda pedalou um quilômetro extra ao redor da quadra para completar os exatos 314 km. “Assim que parei, meu corpo se desfez em lágrimas. Um sentimento de missão cumprida tomou conta de mim. Eu só queria o abraço do meu avô, mas sei que ele esteve comigo durante todo o trajeto. O Bibo foi meu apoio espiritual.”

Mesmo cansada, ela seguiu até o cemitério visitar o túmulo do avô. “Ali me senti leve, como se estivesse pronta para pedalar tudo de novo.”

E vem mais desafio por aí

Vanessa, que já foi a primeira atleta de Jateí a competir na desafiadora prova Pata de Onça, em Nova Andradina, com 250 km de percurso, tem novos desafios pela frente. “No dia 19 de junho embarco em uma excursão para percorrer o Caminho da Fé — 320 km de Loga da Prata (SP) até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida. E em setembro, encaro mais uma vez os 250 km da Pata de Onça.”

Com coragem, determinação e fé, Vanessa segue transformando desafios em marcos de superação pessoal — e em inspirações para todos.